Avaliação e Intervenção

A avaliação clínica da Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA) é um processo de avaliação bastante complexo, pois envolve a aplicação de um vasto protocolo clínico: entrevista clínica, observação do comportamento e dos sintomas nucleares da PHDA, aplicação de questionários (rating scales) sobre o comportamento nos vários contextos (e.g., escola e casa), análise de diversas variáveis neurológicas, neurocognitivas (funções executivas, atenção e memória de trabalho, entre outras), psicossociais, psicoeducativas e familiares.

Assim, para uma correta avaliação de diagnóstico na PHDA é indispensável recorrer a profissionais experientes na área, uma vez que várias variáveis podem estar a “mascarar” os comportamentos desajustados exibidos pela criança ou adulto, sendo igualmente importante um diagnóstico diferencial para excluir/confirmar a presença de outras problemáticas ou perturbações. Dado que a intervenção na PHDA pode envolver, na grande maioria das vezes, uma terapêutica farmacológica (em paralelo com uma intervenção psicoterapêutica e psicossocial), uma avaliação de diagnóstico menos correta poderá conduzir a um conjunto de efeitos secundários e adversos.

O processo de AVALIAÇÃO na PHDA deverá englobar várias etapas:

  1. A entrevista clínica deverá ser bastante abrangente e exaustiva, abordando aspetos da história desenvolvimental, médica, clínica, comportamental, social, escolar/profissional da criança/adulto, para além de informações sobre as dinâmicas e práticas familiares, entre outras (utilização de entrevistas clínicas estruturadas para a PHDA);
  2. A aplicação de questionários específicos da PHDA ao contexto familiar, escolar ou ao próprio indivíduo (por exemplo: Conner’s Rating Scales, SNAP-IV / SWAN, ADHD Rating Scale, Vanderbilt ADHD Diagnostic Rating Scale, entre outros) é outra das componentes importantes na avaliação clínica desta perturbação;
  3. A observação direta do comportamento permite avaliar a frequência, intensidade e nível de disfuncionalidade dos comportamentos nucleares da PHDA manifestados pela criança/adulto;
  4. A avaliação neuropsicológica permite avaliar o desempenho em diversas funções neurocognitivas (e.g., funções executivas, memória de trabalho, atenção, etc.) que normalmente se encontram diminuídas nas crianças e adultos com PHDA;
  5. Avaliações complementares poderão também ser necessárias para o despiste de possíveis problemas familiares, emocionais e de condições médicas (e.g., síndromes, doenças, alterações sensoriais, etc.) que possam explicar os comportamentos exibidos.

Intervenção Terapêutica

Um INTERVENÇÃO na PHDA deverá normalmente combinar diferentes processos de intervenção terapêutica (intervenção multimodal). As mais eficazes abordagens terapêuticas são: (1) farmacológica, (2) psicoterapêutica e (3) psicossocial/psicoeducativa.

  1. A intervenção farmacológica é essencial, em particular nos casos de maior gravidade dos comportamentos e que provoquem uma significativa interferência na qualidade do funcionamento social, académico ou ocupacional da criança/adulto. Os diversos estudos meta-analíticos convergem no sentido de considerar a intervenção farmacológica como a mais eficaz no tratamento da PHDA. Os medicamentos mais frequentemente prescritos são psicoestimulantes (metilfenidato, anfetaminas – LDX), nomeadamente o Rubifen®, Ritalina®, Concerta®, e Elvanse®.
  2. A intervenção psicoterapêutica é uma outra componente importante no processo terapêutico da PHDA, funcionando como um complemento à intervenção farmacológica. A intervenção psicoterapêutica mais eficaz na PHDA é a abordagem cognitivo-comportamental, realizada por psicólogos especializados através de uma intervenção clínica direta com a criança/adulto.
  3. A intervenção psicossocial/psicoeducativa poderá englobar programas parentais, intervenção nas dinâmicas familiares e na relação pais-criança, programas de intervenção em contexto escolar (e.g., sala de aula, medidas educativas, acomodações curriculares), entre outros.

Uma intervenção combinada destas três intervenções conduz, normalmente, a uma significativa melhoria dos comportamentos nucleares da PHDA em crianças/adultos.